sábado

Orações e litanias a Satã


Orações e litanias a Satã

Em 1865, todos os sábados á noite, no Templo Luciferiano de Charleston, celebravam-se as missas negras. Onde se cantavam os Hinos e Litanias a começar pela Oração a Satã:

ORAÇÃO A SATÃ

Oh Satã, tu que é a sombra de Deus e de nós mesmos, digo estas palavras de agonia para tua glória. Tu és a dúvida e a revolta, sofisma e a impotência, tu vives novamente em nós, como nos séculos atribulados quando reinaste, manchado de sangue das torturas como um mártir obsceno no teu trono das trevas, brandindo em tua mão esquerda o ceptro abominável de um símbolo fálico. Hoje teus filhos degenerados estão espalhados e celebram teu culto nos seus esconderijos. Teus pontífices tradicionais são como pastores cegos, viciados, infames, mágicos presunçosos, envenenadores e párias. Mas teu povo cresceu e, Satã tu podes te orgulhar da multidão de teus fiéis, tão pérfidos como tu desejaste. Este mundo que te nega, tu habitas nele, tu chafurdas nele em rosas mortas de um monte de lixo cediço e mal cheiroso. Tu ganhaste, ó Satã, embora anónimo e obscuro, por mais alguns anos ainda; mas o século por vir irá proclamar tua vingança. Tu renascerás no Anti-Cristo. A ciência dos mistérios subitamente fez jorrar uma onda negra para saciar a sede dos curiosos e ansiosos; homens e mulheres jovens viram-se reflectidos nestas ondas que intoxica e enlouquece. Ó fascinante Satã! Arranquei tua máscara de gula voluptuosa e me perdi de amor ante tua face coberta de lágrimas, bela como o rancor e malogrado. Ó hediondo Satã! Descobri tua ignomínia para revelar tua ociosidade. Se teu tormento involuntário parece nobre e infinito é iluminado pela honra de se tornar uma redenção. Ó Bode Expiatório do mundo, teu coração que bate qual de um homem ocioso que aspira o abismo imenso e final - tu soltas os suspiros de um Messias, mas tu corrompes e degradas como se fosse uma danação. Por seguinte, espalharei tua infâmia, e tua atracção, cantarei teu lamento infinito. Tua arte, último ideal do homem decaído; mas se as asas do querubim estão impregnadas do paraíso, se o seio da mulher goteja suave compaixão, tua barriga escamosa e tuas pernas de animal exudam ociosidade fedorenta, coragem negligente e consente nas mais vis baixezas. Ó sagrado herege Satã, símbolo degenerado do Universo, tu que conheces e sofres, tu pode vir a ser, de acordo com as palavras da Promessa Divina, o espírito reconciliador da Expiação!


LITANIA A SATAN

Ó Tu, o mais sábio dos Anjos e o mais belo! Ó Deus traído pela sorte,
não abandones teu anhelo! (*)

Príncipe do desterro, com quem o senhor foi injusto, activo sempre venceste, ergue-te mais robusto; (*)
Tu, oculto sabedor e rei das coisas subterrâneas, familiar curador das angústias momentâneas; (*)

Tu que até os leprosos e os malditos párias, dás o Paraíso nostalgia solitárias; (*)
Tu que da a morte, a tua velha e parca amante, suscitas a esperança, essa tão louca bacante; (*)
Tu que dá aos réus esse olhar sereno e abres a cena em volta do cadafalso que o povo condena; (*)
Tu que conheces as terras em cujas as fendas sinuosas o Deus zeloso oculta as pedras preciosas; (*)
Tu cujo o olhar penetra nos profundos arsenais onde dorme o sumptuoso povo dos metais; (*)
Tu cuja larga mão esconde terríveis precipícios, ao sonâmbulo errante, ao longo dos edifícios; (*)
Tu que magicamente aligeiras os ébrios charlatães, míseros entes a quem, de noite, latem os cães; (*)
Tu que consolas o fraco quando, de chofre, nos ensinas a misturar salitre com enxofre; (*)
Tu que pões tua marca, ó cúmplice subtil! Sobre a dura fronte de Crésus torpe e vil; (*)
Tu que das às criaturas vagas fantasias, o culto aos farrapos e o amor as agonias; (*)
Bastão dos exilados, lâmpada dos inventores, confessor dos réus e dos conspiradores; (*)
Pai adoptivo dos filhos que a cólera de Adonay do Paraíso terrestre os arranjou Deus Pai! (*)
(*) Se recita "Satã, apieda-te de minha grande miséria!"



PRECE A SATAN

Gloria e louvor a Ti, Satã, nas alturas do céu onde reinas, e nas negruras do Inferno onde vencido espalha clemência! Faz que minha alma um dia, sob a árvore da ciência ao teu lado repouse sobre tua plácida fronte como num templo novo resplandeces, ó Demophoonte!


LITANIA NEGRA

Lúcifer, miserere nobis.
Belzebuth, miserere nobis.
Leviathan, miserere nobis.
Bael, príncipe dos Seraphins, ora pro nobis.
Belfegor, príncipe dos Querubins, ora pro nobis.
Astaroth, príncipe dos Tronos, ora pro nobis.
Asmodeu, príncipe das Dominações, ora pro nobis.
Anduscias, príncipe das Postestades, ora pro nobis.
Belial, príncipe das Virtudes, ora pro nobis.
Perriel, príncipe dos Principados, ora pro nobis.
Eurinomo, príncipe dos Arcanjos, ora pro nobis.
Juniel, príncipe dos Anjos, ora pro nobis.

Hail Satã!


LITANIA FINAL


Em nome de Satã, Senhor das trevas, Espírito do Mal - Amen.
Satã esteja convosco - Amen.
E com seu espírito - Amen.
Satã, ajudai-nos.
Rei da luxúria, ajudai-nos.
Príncipe das fornicacões, ajudai-nos.
Pai do incesto, ajudai-nos.
Satã, que fazeis com que os homens se destruam como feras, ajudai-nos.
Serpente do Génesis, ajudai-nos.
Satã, que armastes os braços de Caim, ajudai-nos.
Satã, que adormecestes a Noé, ajudai-nos.
Ânfora de peçonha, ajudai-nos.
Protector dos ladrões e assassinos, amparai-nos.
Mestre das ciências Malditas, velai por nós.
Príncipe imenso dos espaços infinitos, matéria e espírito, razão e força, nós vos adoramos.
Satã esteja connosco - Amen.

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